quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CAIO FERNANDO ABREU

Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago do Boqueirão 1948 - Porto Alegre 1996). Contista, romancista, dramaturgo, jornalista.

Caio Fernando Abreu - Programete: Escritores Gaúchos (RBS TV)




Caio escreveu compulsivamente, viveu compulsivamente e morreu desejando continuar a escrever. A literatura, para ele, era matéria viva em direção ao conhecimento do mais obscuro sentimento, a revelar a impossível possibilidade de roçar a eternidade. Guardava seus rascunhos, seus cadernos, suas frases seminais: tudo era passível de virar obra viva, a partir de sua satisfação com o resultado buscado. Poucos escritores brasileiros têm, em seu currículo, essa admiração entre seus leitores. Poucos certamente escapam de uma forma esvaziada de pulsação vital.  Sua excruciante sinceridade é o que explica essa identificação, inclusive com gerações posteriores. Fruto de seu tempo, sim, mas com o prazo de validade extremamente esgarçado e sem data de vencimento, a literatura de Caio Fernando Abreu revela o homem que ele foi, o cidadão atento ao seu mundo, imerso nas convulsões comportamentais que sacudiram o mundo em suas décadas de adolescente. Obcecado pela qualidade estética, nunca deixou que sua palavra ficasse estéril. Não tenho dúvida de que, nesses tempos politicamente corretos e cheios de medo e dúvida, a ousadia de sua palavra será farol a iluminar os breus daqueles que acreditam e buscam forças e fé no intento de viver mais plenamente a vida que lhe cabe. Caio, o adolescente ousado, o adulto afiado e sem barreiras, foi o melhor exemplo para o Caio escritor, um desses seres especiais e únicos que marcam, a ferro,fogo e felicidade aqueles que tiveram a felicidade de conhecê-lo ou de carregá-lo nas pastas e mochilas. Cada livro de Caio é uma porta de entrada à epifanias verdadeiras. Se você não o leu na íntegra, não perca a oportunidade de.
Por Luciano Alabarse: diretor de teatro e amigo da vida inteira de Caio Fernando Abreu.

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