Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago do Boqueirão 1948 - Porto
Alegre 1996). Contista, romancista, dramaturgo, jornalista.
Caio Fernando Abreu -
Programete: Escritores Gaúchos (RBS TV)
Caio escreveu compulsivamente, viveu compulsivamente e morreu desejando
continuar a escrever. A literatura, para ele, era matéria viva em direção ao
conhecimento do mais obscuro sentimento, a revelar a impossível possibilidade
de roçar a eternidade. Guardava seus rascunhos, seus cadernos, suas frases
seminais: tudo era passível de virar obra viva, a partir de sua satisfação com
o resultado buscado. Poucos escritores brasileiros têm, em seu currículo, essa
admiração entre seus leitores. Poucos certamente escapam de uma forma esvaziada
de pulsação vital. Sua excruciante
sinceridade é o que explica essa identificação, inclusive com gerações
posteriores. Fruto de seu tempo, sim, mas com o prazo de validade extremamente
esgarçado e sem data de vencimento, a literatura de Caio Fernando Abreu revela
o homem que ele foi, o cidadão atento ao seu mundo, imerso nas convulsões
comportamentais que sacudiram o mundo em suas décadas de adolescente. Obcecado
pela qualidade estética, nunca deixou que sua palavra ficasse estéril. Não
tenho dúvida de que, nesses tempos politicamente corretos e cheios de medo e
dúvida, a ousadia de sua palavra será farol a iluminar os breus daqueles que
acreditam e buscam forças e fé no intento de viver mais plenamente a vida que
lhe cabe. Caio, o adolescente ousado, o adulto afiado e sem barreiras, foi o
melhor exemplo para o Caio escritor, um desses seres especiais e únicos que
marcam, a ferro,fogo e felicidade aqueles que tiveram a felicidade de
conhecê-lo ou de carregá-lo nas pastas e mochilas. Cada livro de Caio é uma
porta de entrada à epifanias verdadeiras. Se você não o leu na íntegra, não
perca a oportunidade de.
Por Luciano Alabarse: diretor de teatro e amigo da vida inteira de Caio
Fernando Abreu.
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